sábado, 2 de julho de 2011

O comércio de escravos africanos


Desde a antiguidade, onde a escravidão vigorava no paganismo até a introdução da escravidão negra no mundo cristão pelos muçulmanos, no decorrer da história da humanidade, podemos observar que todos os impérios, desde o século XVI até o final do século XIX, fundamentaram-se em sociedades escravocratas.

Havia na África uma rendosa mercadoria, e foram os muçulmanos que desde o ano de 1440, iniciaram a venda dos indivíduos capturadas em guerras entre tribos, de criminosos, de indesejáveis da própria tribo ou aqueles que após a derrota não se convertessem ao islamismo. Têm-se informações que na manhã do dia 08 de agosto de 1444, o primeiro carregamento de 235 africanos, foi desembarcado no porto de Lagos, em Portugal, dando início ao lucrativo comércio de escravos.

Necessitando de mão-de-obra em grande quantidade para suas plantações, de algodão e, em especial, da cana-de-açúcar, portugueses, ingleses e franceses passaram a enviar para suas colônias ultramarinas os escravos oriundos da África.

Segundo fontes históricas, entre os anos de 1492 e 1820, o número de africanos trazidos à força para a América, foi de cinco a seis vezes maior do que o número de europeus que percorreram o mesmo caminho. Essas migrações forçadas arruinaram culturas inteiras na África e construíram novas culturas nas distantes terras do outro lado do Atlântico, contribuindo para o surgimento de comunidades inter-raciais compostas de europeus e africanos, que em nossa visão foi de grande contribuição ao longo dos anos para esses países.

O comércio de escravos favoreceu a todos àqueles que viviam as custas do tráfico proporcionando-lhes imensas fortunas. A Inglaterra, até o século XVIII liderou o comércio dos escravos, proporcionando grandeza na sua economia. Pequenos e pouco importantes portos como os de Liverpool, Nantes, Bristol e Newport, transformaram-se em prósperas, ricas e até sofisticadas metrópoles.

Com relação ao eurocentrismo, podemos dizer que influenciava todo o mundo a reconhecer apenas na Europa os modelos ideais de cultura, de religião e consequentemente de civilização. Através dessa visão a história da África era escrita de forma racista, generalizando os povos africanos como se fossem bárbaros, sem organização social e incapacitados de construir sua própria história, classificando-os dessa maneira, os povos africanos poderiam ser subjugados e escravizados.

O término do comércio de escravos e da escravidão na África teve efeitos enormes sobre o continente Africano. Inúmeras sociedades africanas que durante séculos tinham usufruído de uma economia baseada no trabalho escravo e nas rendas oriundas do comércio de escravos, passaram a ter dificuldades de encontrar novas maneiras de planejar a riqueza através do trabalho e do lucro.

GANDHI - O filme


Sempre orgulhosos, os ingleses não se cansavam de dizer: “O sol nunca se põe no Império Britânico”, e tal afirmação era uma verdade, pois a expansão imperialista inglesa foi tamanha que a Inglaterra, no século XIX, tinha possessões territoriais em todos os pontos do globo terrestre, e neste sentido o sol brilhava em pelo menos algum desses territórios.

Na Índia, no ano de 1869, em Porbandar, nascia uma criança que alguns anos mais tarde se transformaria no homem que fazendo uso apenas da força das palavras e das ações não violentas, obrigará a poderosa Inglaterra a conceder a independência política de sua terra natal. Este homem, franzino de corpo, porém grandioso de alma, recebeu o nome de batismo de Mohandas Karamchand, mas ficou conhecido mundialmente por Mahatma Gandhi.

Desde o século XVI os ingleses haviam instalado feitorias em diversas cidades do subcontinente indiano, dentre elas podemos destacar Calcutá, Bombaim e Madras. Desta maneira, o território indiano ficou sob forte influência dos ingleses e mais tarde acabou sendo anexado à Inglaterra.

Na segunda metade do século XIX, a Índia era o território colonial mais importante da Coroa Britânica. A forte presença dos britânicos não se fazia presente apenas nos costumes locais, mas também na política exercida pelos administradores ingleses.

A economia indiana estava alicerçada nas manufaturas têxteis de algodão, e o artesanato de tecidos indianos, famosos de longa data pela sua qualidade e beleza, foi destruído pela crescente introdução de tecidos e algodão produzidos nas fábricas inglesas, levando a ruína milhares de artesão indianos.

Os ingleses, em sua expansão pelo território indiano, construíram estadas de ferro com a certeza absoluta de altos lucros. A população indiana era obrigada a pagar altas taxas aos ingleses. Mais da metade da população vivia em péssimas condições de subsistência. Por todos esses motivos o ódio pelos britânicos crescia mais e mais a cada dia entre a população indiana.

No filme sobre Gandhi, se prestarmos atenção, podemos perceber todos os fatos descritos acima. Gandhi estudou Direito em Londres de 1888 até 1891, indo residir na África do Sul, outro território dominado pela Inglaterra, e lá tomou para si a defesa da comunidade dos indianos submetidos ao racismo dos ingleses.

No filme vemos sua volta à Índia no ano de 1915, agora com 46 anos de idade, ele ainda é leal aos britânicos. No ano de 1917, Gandhi foi detido por ter ajudado os indianos que trabalhavam em tecelagens e que eram explorados pelos proprietários dessas tecelagens, porém as autoridades perceberam que ele era a única pessoa a qual as multidões obedeciam. Gandhi muda de opinião depois do massacre de Amritsar, ocorrido em 1919, no qual os ingleses atiraram em milhares homens, mulheres e crianças que se reuniam num festival religioso na cidade.

A partir do massacre de Amritsar, Gandhi aderiu na luta contra o domínio inglês, como aparece no filme, ele passa a ser o líder incontestável na luta das massas exploradas pelos ingleses, sendo aprisionado diversas vezes.

Gandhi uniu e mobilizou os hindus e os muçulmanos através de sua religiosidade e perspicácia política. No filme, podemos ver o boicote contra os tecidos industrializados na Inglaterra e o seu apoio ao retorno da fiação e tecelagem manual.

No filme vemos também a marcha até o mar, na qual Gandhi liderou milhares de indianos, na chamada Marcha do Sal, para mostrar para as autoridades inglesas que o sal do mar pertencia a todos e não apenas aos ingleses. Gandhi colocou em prática a política de desobediência civil baseada no princípio da ação não violenta, e pelo uso de jejum como forma de protesto.

Finalmente, a Índia conquista no ano de 1947 a tão esperada independência dos ingleses. Porém no dia da transferência do poder para os indianos, Gandhi não comemorou a independência de seu país com o restante da Índia, preferiu ficar sozinho lamentando a partilha do país entre a Índia hindu e o Paquistão muçulmano.

No filme podemos ver o seu assassinato, causado por um hindu que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento da nação indiana, no filme não mostra, mas contrariando a vontade do próprio Gandhi, que não queria a punição de seu assassino, ele acabou sendo julgado, condenado e enforcado. Quanto a Gandhi, seu corpo foi cremado e as suas cinzas jogadas no rio Ganges.

Lorde Kitchener, um dos mais importantes defensores do imperialismo inglês proferiu a seguinte declaração: “Foi essa consciência de nossa superioridade inata que nos permitiu conquistar a Índia. Por mais educado e inteligente que seja um indiano, por mais valente que ele se manifeste e seja qual for a posição que possamos atribuir-lhe, penso que jamais ele será igual a um oficial britânico”. Pois ele pensou errado, nas suas atitudes pacificas, na simplicidade do seu coração e na firmeza de suas decisões, Gandhi entrou para a história da humanidade e o seu triunfo mudou o mundo para sempre.


Participação do Brasil na Conferência de Estocolmo


Desde o advento da Revolução Industrial, através da qual os países mais desenvolvidos passaram a explorar os recursos naturais e a encarar a natureza com as suas fontes de energia e matérias-primas como sendo inesgotáveis, foram produzidos por suas indústrias, cidades e atividades agrícolas, dejetos que causaram ao longo dos anos impactos ambientais, muitos deles de abrangência global gravíssimos.


Os resíduos lançados no ar pelas indústrias poluíram tanto o meio ambiente ao longo dos anos, que acabaram por provocar sérios problemas de saúde para as pessoas. A poluição do ar foi a primeira grande questão a ganhar destaque no início da década de 70 do século passado.


Foi realizada no período de 05 a 16 de junho de 1972, em Estocolmo, na Suécia, promovida pela ONU, a primeira Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente Humano, reunião na qual participaram 113 países. A Conferência de Estocolmo foi marcada pela polêmica entre os países defensores do “desenvolvimento zero”, ou seja, pelos países industrializados, e os defensores do “desenvolvimento a qualquer custo”, representados pelos países não industrializados ou em vias de industrialização, como no caso do Brasil.


As propostas que foram apresentadas na Conferência de Estocolmo foram baseadas no relatório “Limites para o Crescimento”, divulgadas pelo Clube de Roma, que reuniu especialistas norte-americanos e europeus, e que afirmavam que os recursos naturais da Terra não seriam suficientes para toda a população do planeta, e por isso sugeriram que os países pobres não crescessem mais.


O Brasil, por indicação da Assembléia Geral da ONU, integrou a comissão preparatória. Na ocasião o Brasil liderou 77 países, e a sua posição em relação as questões ambientais colocadas pela conferência recebeu endosso dos países do chamado Terceiro Mundo. A posição defendida era de que todos os países tinham direito ao crescimento econômico, mesmo sendo as custas de grandes degradações ambientais. Nessa época o Brasil estava sob o governo militar e em pleno milagre econômico.


Na ocasião, apesar de reconheceram a ameaça da poluição ambiental, os delegados brasileiros sugeriram que os países mais desenvolvidos é que deveriam arcar com o ônus dessa purificação, e deixaram bem clara a posição do Brasil, que preferia promover o crescimento econômico a qualquer custo em detrimento a qualquer política ambiental.


Apesar da posição antagônica do Brasil em relação as decisões tomadas pela Conferência de Estocolmo, podemos dizer que essa Conferência foi de grande importância para a humanidade, pois foi o primeiro grande encontro internacional, no qual participaram representantes de muitas nações para juntos discutirem os problemas ambientais e também foi discutida pela primeira vez a relação entre desenvolvimento e meio ambiente.


Finalizando, a referida Conferência, apesar de ter sido conturbada, acabou por produzir um documento histórico, composto por 24 artigos que foi assinado pelos países participantes e que resultou na criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA), ou seja foi criada a primeira agência ambiental global.