sexta-feira, 22 de junho de 2012


A Crise de 1929



Ao final da Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos da América do Norte assumiram a hegemonia econômica mundial e passaram a ser os grandes credores do mercado internacional.

Seus empréstimos e suas mercadorias ajudaram a reconstruir a Europa devastada pela guerra e foram de grande importância tanto para os países vencedores como, também, para os vencidos.

Porém a euforia causada pela grande produção em massa devido ao elevado consumo interno e as exportações para mercado externo, começou a dar sinais de queda em meados do ano de 1920.  A franca recuperação da Europa fez diminuir as importações dos produtos agrícolas norte-americanos, levando muitos agricultores à falência nos EUA.

Apesar da redução das importações dos produtos industrializados, as grandes indústrias norte-americanas não reduziram a sua produção, causando um acumulo de estoques desses produtos sem que houvesse compradores.

Com a crise de superprodução e a falta de consumo, as empresas começaram a demitir os trabalhadores e, como consequência direta, as ações dessas empresas na bolsa de valores começaram a cair.  Os donos dessas ações preocupados com a desvalorização crescente procuraram vendê-las o mais rápido possível, fazendo com que o preço dessas ações despencassem, o que provocou no dia 24/10/1929 a quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

A Grande Depressão propagou-se por outros países que mantinham relações comerciais com os EUA.  Um dos poucos países que escaparam da crise foi a URSS, cuja economia estatal obedecia a um rígido controle e planejamento e não às leis de mercado como nas economias capitalistas.

Os Estados Unidos retiraram seus capitais e investimentos dos países Europeus, e o país mais prejudicado foi a Alemanha, pois a sua economia dependia diretamente dos capitais estadunidenses.

Em 1933 ao assumir a presidência dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, pôs em prática a política de intervenção do Estado na economia, contrariando a política liberal adotada até então.  Ele lançou um plano que ficou conhecido com New Deal, que tinha por objetivo retirar o país da depressão através de várias ações por parte do governo em conjunto com a iniciativa privada.  Dentre os vários objetivos desse novo acordo, a elevação da renda dos trabalhadores era de grande importância, pois faria com que o poder de compra das pessoas aumentassem às vendas no comércio.


domingo, 17 de junho de 2012


Formação Histórica do Brasil



Considerado por muitos como sendo um dos seus principais trabalhos, o livro Formação Histórica do Brasil é uma obra de revisão histórica que segundo o seu autor, Nelson Werneck Sodré, interpreta a história brasileira sob um novo ângulo: à luz do materialismo histórico.

Nelson Werneck, historiados e cientista marxista, foi o pioneiro na aplicação do materialismo histórico dialético como método para a compreensão da realidade social no Brasil.

Ainda, segundo o autor, os portugueses encontraram no Brasil uma comunidade primitiva, ou seja, fomos descobertos na primeira fase do nosso processo histórico e a obra dos colonizadores portugueses levou à montagem de um sistema escravista monocultor em nosso país.

De acordo com o paradigma marxista do autor, ao escravismo dominante nos primeiros séculos de existência do Brasil, teria ocorrido uma espécie de feudalismo ou semifeudalismo, versão contestada por alguns historiadores seus contemporâneos, e causa      de discórdia entre Nelson e outros interpretes.

 Para ele o Brasil conheceu o feudalismo, ele afirmou em seu livro, que uma relação feudal é definida pelo laço de dependência estabelecido entre dominante e dominado. Ele descreve que ao longo da história brasileira a concentração de terras e o patriarcalismo estabeleceram laços de dependência entre os senhores e os escravos, e que no seu entender, se assemelhavam aos laços feudais de servidão.

No capitulo que trata da colonização do Brasil, Nelson Werneck nos fala sobre as diferenças entre o oriente e a América portuguesa.  Apesar de não haver comparação econômica e comercial, o Brasil passou a merecer atenção de Portugal a partir da expectativa de riquezas minerais e por causa da concorrência de navios de outras nações que freqüentavam a costa brasileira contrabandeando pau-brasil e colocando em risco a soberania lusa.

Portugal sente necessidade de povoar o novo território e escolhe a cultura da cana-de-açúcar para dar início a ocupação do solo e cujo comércio lhe garantisse retorno financeiro no mercado europeu.  Eles se utilizam a princípio do trabalho indígena e mais tarde dos escravos negros africanos.

Segundo Nelson Sodré, a riqueza do senhor de engenho media-se muito mais pelo número de escravos que possuía do que pela extensão da sua propriedade. A estrutura da produção colonial no Brasil se definiu como sendo o predomínio da grande propriedade rural, monocultura açucareira e produção escravista.

Enquanto houve interesses comerciais entre a Coroa portuguesa, os holandeses e os senhores de engenho tudo funcionou sem maiores perturbações.  Porém em 1580, Portugal e suas colônias de ultramarinas passaram para o domínio da Coroa espanhola, e a partir daí tudo começou a mudar: espanhóis e holandeses eram concorrentes entre si, e mesmo após 1640, com a reunificação de Portugal, as relações com os holandeses foram se deteriorando e culminaram com a expulsão dos holandeses do Brasil.



Evolução Política do Brasil




Em seu livro Evolução Política do Brasil, publicado no ano de 1933, Caio Prado Junior, não se propõe a contar a História do Brasil, sendo apenas, como o próprio autor define, um ensaio sobre a nossa história.

Porém o que ele chama de ensaio tem um grande valor na historiografia brasileira, pois Caio Prado é um dos primeiro autores a se utilizar do pensamento marxista na análise dos acontecimentos desde o Brasil Colônia.

Logo no início da sua narrativa ele faz uma síntese do período Colonial, retornando à história de Portugal ele descreve como no século XV a burguesia comercial lusa se lança ao mar em busca de maiores lucros e menciona o apoio que esta mesma burguesia presta ao Mestre de Avis na conquista do trono português, conquistando desta maneira um lugar de destaque no novo reino.

Após permanecer nos primeiros trinta anos quase que abandonada, retirando-se dela apenas os troncos de pau-brasil, a nova terra passa a despertar maior atenção por parte da Coroa portuguesa que acaba por adotar a distribuição do território através das Capitanias Hereditárias.

Ele nós diz que, como tal regime não alcança o sucesso previsto, Portugal retoma as capitanias e resolve doar as terras para quem realmente tivesse cabedal suficiente para levar adiante a sua ocupação e desenvolvimento.

Caio Prado ao contrário de Nelson Werneck Sodré nega o cunho feudal do território brasileiro.  Ele explica como funcionou o sistema de distribuição de terras e a doação das sesmarias, pois é a partir dessa distribuição que se constrói a nossa sociedade colonial através da formação de grandes latifúndios monocultores e escravistas, deixando claro o caráter agrário exportador de nossa colonização.

Tal empreendimento latifundiário necessitava de mão-de-obra em grande escala e para isso empregou-se a princípio a escravidão indígena no cultivo da cana-de-açúcar, sendo substituído em seguida pela escravidão dos negros africanos.

No Brasil a pequena propriedade rural não obteve nenhum incentivo por parte da metrópole, e por isso os grandes latifúndios vão constituir a unidade econômica básica da Colônia, fazendo com que o senhor dos latifúndios a monopolizar as riquezas, ganhando prestígio e dominando os demais habitantes.  Nota-se aqui a concepção marxista, onde a economia define as coisas e dá origem a luta de classes. Os chamados “homens bons”, ou seja, os senhores de engenho eram os detentores do poder e exerciam o domínio sobre os poucos homens livres, os índios, os mestiços e os negros.

Caio Prado condena a ação dos bandeirantes nas chamadas “entradas”, classificando-as de caçada do homem pelo homem, onde os índios são aprisionados e forçados a trabalhar nas lavouras canavieiras. Ele também menciona que a Companhia de Jesus foi importante para deter tal movimento de captura, apesar deles mesmos servirem-se dos índios em seu próprio proveito nas chamadas reduções.

O autor trata rapidamente da escravidão africana, mencionando que os negros eram tratados como se fossem bestas pelos seus senhores.